Parte dos alunos do quarto ano da escola Zéo Fernandes declama poemas de Antônio Francisco, do livro Os Animais Têm Razão
Nos poemas, Antônio Francisco trabalha com sete personagens: o porco, o rato, a vaca, a cobra, o burro, o cachorro e o morcego. O poeta inicia o livro, se referindo às adversidades, que existem na natureza. Ele fala de um sertão do “solo rachado”, uma “caatinga cor de cinza”, mas há quem pare para “ficar olhando o verde de um juazeiro copado”.
O poeta Antonio Francisco diz que: “o juazeiro, seu moço, é pra nós a resistência, a força, a
garra e a saga, o grito de independência do sertanejo que luta na frente de
emergência” Ele ainda falando do juazeiro: “Nos seus
galhos se agasalham do periquito ao cancão. É hotel do retirante que anda de pé
no chão, o general da caatinga e o vigia do sertão”.
O
poeta diz ainda: “Eu vinha de Canindé com sono e muito cansado,
quando vi perto da estrada um juazeiro copado. Subi, armei minha rede e fiquei
ali deitado” e ”como a noite estava linda, procurei ver o cruzeiro, mas,
cansado como estava, peguei no sono ligeiro. Só acordei com uns gritos debaixo
do juazeiro”. Depois ele trabalha a fala dos personagens, destacando-se quatro.
O
porco
- Pelas
barbas do capeta! se nós ficarmos parados a coisa vai ficar preta... do jeito
que o homem vai, vai acabar o planeta. Já sujaram os sete mares do Atlântico ao
mar Egeu, as florestas estão capengas, os rios da cor do breu e ainda por cima
dizem que o seboso sou eu.
O
Rato
- Prestem
atenção, eu também já não suporto ser
chamado de ladrão. O homem, sim, mente e rouba, vende a honra, compra o nome. Nós
só pegamos a sobra daquilo que ele come e somente o necessário pra saciar nossa
fome.
A
Vaca
- Eu
convivo com o homem, mas sei que ele não
presta. É um mal-agradecido, orgulhoso, inconsciente. É doido e se faz de cego,
não sente o que a gente sente, e quando nasce é tomando a pulso o leite da
gente.
A
Cobra
- Também
eu sou perseguida pelo homem pra todo canto que vou. Pra vocês o homem é ruim, mas
pra nós ele é cruel. Mata a cobra, tira o couro, come a carne, estoura o fel, descarrega
todo o ódio em cima da cascavel. É certo, eu tenho veneno, mas nuca fiz um
canhão. E entre mim e o homem, há uma contradição: O meu veneno é na presa, o
dele no coração. Entre os venenos do homem, O meu se perde na sobra... Numa
guerra o homem mata centenas numa manobra, inda tem cego que diz: “Eu tenho
medo de cobra”.
Antonio
Francisco Teixeira de Melo é mossoroense, nascido em 21 de outubro de 1949, filho
de Francisco Petronilo de Melo e de Pêdra Teixeira de Melo. Ele é graduado em
História pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), membro da
Academia Brasileira de Literatura de Cordel, na cadeira de número 15; cujo
patrono é o poeta cearense Patativa do Assaré. Ele também recebeu a Comenda de Incentivo à Cultura Luís da
Câmara Cascudo, reconhecimento do Senado Federal a personalidades e
instituições que tenham uma contribuição relevante ao registro da cultura e do
folclore no Brasil.
Umas fotos do evento
Ficou ótimo. Trabalho lindo!!!!
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