Parte dos alunos do quarto ano da escola Zéo Fernandes declama poemas de Antônio Francisco, do livro Os Animais Têm Razão


Uma parte dos alunos do quarto ano da Escola Estadual Zéo Fernandes da cidade de Luís Gomes-RN declamou hoje (sexta-feira, 19 de maio de 2023) para os demais alunos (da Zéo Fernandes) poemas do livro Os Animais Têm Razão, de Antônio Francisco; sob a orientação da professora Amanda. Isso fazendo parte do Projeto de Leitura Ler, Contar, Recitar e Encantar, que vem sendo executado desde 2016.

Nos poemas, Antônio Francisco trabalha com sete personagens: o porco, o rato, a vaca, a cobra, o burro, o cachorro e o morcego. O poeta inicia o livro, se referindo às adversidades, que existem na natureza. Ele fala de um sertão do “solo rachado”, uma “caatinga cor de cinza”, mas há quem pare para “ficar olhando o verde de um juazeiro copado”.

O poeta Antonio Francisco diz que: “o juazeiro, seu moço, é pra nós a resistência, a força, a garra e a saga, o grito de independência do sertanejo que luta na frente de emergência” Ele ainda falando do juazeiro: “Nos seus galhos se agasalham do periquito ao cancão. É hotel do retirante que anda de pé no chão, o general da caatinga e o vigia do sertão”.

O poeta diz ainda: “Eu vinha de Canindé com sono e muito cansado, quando vi perto da estrada um juazeiro copado. Subi, armei minha rede e fiquei ali deitado” e ”como a noite estava linda, procurei ver o cruzeiro, mas, cansado como estava, peguei no sono ligeiro. Só acordei com uns gritos debaixo do juazeiro”. Depois ele trabalha a fala dos personagens, destacando-se quatro.

O porco

- Pelas barbas do capeta! se nós ficarmos parados a coisa vai ficar preta... do jeito que o homem vai, vai acabar o planeta. Já sujaram os sete mares do Atlântico ao mar Egeu, as florestas estão capengas, os rios da cor do breu e ainda por cima dizem que o seboso sou eu.

O Rato

- Prestem  atenção, eu também já não suporto ser chamado de ladrão. O homem, sim, mente e rouba, vende a honra, compra o nome. Nós só pegamos a sobra daquilo que ele come e somente o necessário pra saciar nossa fome.

A Vaca

- Eu  convivo com o homem, mas sei que ele não presta. É um mal-agradecido, orgulhoso, inconsciente. É doido e se faz de cego, não sente o que a gente sente, e quando nasce é tomando a pulso o leite da gente.

A Cobra

- Também eu sou perseguida pelo homem pra todo canto que vou. Pra vocês o homem é ruim, mas pra nós ele é cruel. Mata a cobra, tira o couro, come a carne, estoura o fel, descarrega todo o ódio em cima da cascavel. É certo, eu tenho veneno, mas nuca fiz um canhão. E entre mim e o homem, há uma contradição: O meu veneno é na presa, o dele no coração. Entre os venenos do homem, O meu se perde na sobra... Numa guerra o homem mata centenas numa manobra, inda tem cego que diz: “Eu tenho medo de cobra”.

Antonio Francisco Teixeira de Melo é mossoroense, nascido em 21 de outubro de 1949, filho de Francisco Petronilo de Melo e de Pêdra Teixeira de Melo. Ele é graduado em História pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, na cadeira de número 15; cujo patrono é o poeta cearense Patativa do Assaré. Ele também recebeu a Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo, reconhecimento do Senado Federal a personalidades e instituições que tenham uma contribuição relevante ao registro da cultura e do folclore no Brasil.

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